Maio Roxo: A Urgência da Conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais no Brasil
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, afetam milhões de pessoas ao redor do mundo, impactando significativamente sua qualidade de vida. No Brasil, dados recentes do DATASUS e uma pesquisa conduzida com gastroenterologistas pela Fine Panel em parceria com a Ipsos Health traçam um panorama preocupante: o número de pacientes diagnosticados cresce rapidamente, enquanto a conscientização da população ainda é limitada.
Crescimento expressivo no SUS
De acordo com os dados nos últimos 15 anos:
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A Doença de Crohn teve um crescimento de 92%, com mais de 41 mil pacientes atendidos em 2024.
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Já a Retocolite Ulcerativa apresentou crescimento ainda maior (236%), com mais de 72 mil pacientes em tratamento no ano 2024.
Esse avanço é atribuído à melhoria no diagnóstico, à ampliação do acesso ao tratamento e à introdução de terapias modernas, como os biológicos (Infliximabe, Vedolizumabe) que vêm substituindo gradualmente os tratamentos tradicionais com sulfassalazina.
O que dizem os médicos?
Uma pesquisa online com 30 gastroenterologistas revela os principais desafios enfrentados na linha de frente do cuidado com DIIs:
Principais desafios no diagnóstico e tratamento das DIIs
Abaixo, os tópicos mais mencionados pelos médicos ao serem questionados sobre os maiores obstáculos em sua prática com DIIs:
Desafio mencionado | % de médicos que indicaram |
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Dificuldade no diagnóstico precoce (sintomas variados, exames inconclusivos) | 70% |
Acesso limitado a terapias avançadas (especialmente biológicos) | 53% |
Falta de conhecimento populacional sobre as DIIs | 47% |
Variabilidade na resposta aos tratamentos | 47% |
Dificuldade em controlar manifestações clínicas com terapias atuais | 33% |
Adesão inadequada ao tratamento (pacientes ou cuidadores) | 20% |
Efeitos colaterais dos medicamentos disponíveis | 20% |
Conscientização ainda é limitada
Apesar da gravidade e da crescente prevalência das DIIs, o “Maio Roxo” aparece como a campanha de saúde menos conhecida entre os brasileiros (29% de conhecimento espontâneo), ficando atrás de ações como Outubro Rosa, Setembro Amarelo e até mesmo campanhas sobre leucemia ou hepatites virais.
Conclusão: é hora de agir
O Maio Roxo não é apenas um mês simbólico. Ele representa uma chamada à ação para governos, profissionais de saúde, pacientes e sociedade civil:
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É urgente ampliar o acesso ao diagnóstico precoce e tratamento moderno.
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Médicos precisam de apoio para manejar melhor os casos complexos e promover adesão terapêutica.
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Campanhas públicas devem ser reforçadas para romper o silêncio que ainda cerca essas doenças.