TEA na Prática Médica: Novos Dados, Novos Desafios
Em apoio à campanha Abril Azul, a Fine Panel em parceria com a Ipsos compartilha dados relevantes sobre o cenário do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. A análise inclui informações do DATASUS e uma pesquisa exclusiva com mais de 120 médicos das especialidades de pediatria, neurologia e psiquiatria.
Destaques do levantamento no SUS:
O número de pacientes com CID F84.0 e F84.1 no SUS cresce quase 50% ao ano.
A Risperidona é hoje o principal medicamento distribuído para TEA no sistema público, com crescimento anual médio de 31,8%.
Fortaleza lidera entre os municípios com mais pacientes registrados; São Paulo, Ceará e Paraná concentram mais de 60% dos casos.
Principais insights da pesquisa com médicos:
1. A prevalência do TEA é significativa na prática médica:
Mais da metade dos pediatras e neurologistas afirma que o autismo é ocasional (10–30%) ou até comum (30–50%) entre seus pacientes.
Entre os psiquiatras, 43% relatam prevalência ocasional.
2. O nível mais frequente de TEA observado é o Nível 1 (autismo leve):
Isso pode refletir o avanço da conscientização pública e maior detecção precoce, especialmente em faixas etárias mais jovens.
3. A responsabilidade pelo diagnóstico é compartilhada, mas multidisciplinar:
Pediatras e neurologistas apontam a neuropediatria como a principal especialidade no diagnóstico.
Psiquiatras veem tanto pediatras quanto psiquiatras como essenciais, sinalizando uma abordagem integrada no manejo clínico.
Maiores desafios clínicos relatados pelos médicos:
Gestão de casos complexos, exigindo conhecimento ampliado em neurodesenvolvimento, psiquiatria e abordagem familiar.
Baixa adesão ao tratamento, frequentemente por questões socioeconômicas ou efeitos colaterais medicamentosos.
Preconceito e falta de compreensão por parte da sociedade e até de outros profissionais de saúde.
Ausência de marcadores biológicos claros dificulta o diagnóstico preciso e aumenta a dependência da observação clínica.
Coordenação de cuidado com múltiplas especialidades — especialmente importante para pacientes com comorbidades como epilepsia, esquizofrenia ou transtorno bipolar.
Relevância para a Conscientização e Política Pública
A visão dos médicos reforça que o autismo não é mais um tema raro na prática clínica, exigindo preparo técnico contínuo e empatia no cuidado.
Campanhas como o Abril Azul, associadas a dados clínicos e experiências reais dos profissionais, são essenciais para:
Combater o estigma;
Estimular o diagnóstico precoce;
Promover políticas públicas mais eficazes e capilarizadas;
Fortalecer a formação médica para o TEA, principalmente em atenção primária.
Conclusão
A escuta ativa dos médicos revela um cenário de maior visibilidade e crescente demanda por estrutura e integração no cuidado ao TEA. Mais do que uma campanha de um mês, o Abril Azul deve ser um chamado permanente à ação intersetorial, com os profissionais da saúde na linha de frente.